Para A Minha Amada

Há certas coisas na vida que nos fazem pensar, se a imensidão do céu, em suas proporções desproporcionais a nós, foi realmente feito para se contemplar as formas nas nuvens ou se foi feito para deitarmos na varanda e dizer "veja aquela estrela lá no céu...teu olhar brilha mais". Estrelas que nem existem na verdade.

Acontece com qualquer um. Amor é uma história para ser vivida, são capítulos escritos de batom vermelho forte, e umas marcas de palhetadas...é claro, no nosso caso. Voz de anjo ecoando em meus ouvidos, e um sorriso sendo esboçado num rosto pálido. E no ritmo de uma bossa nova, a gente dança, lavando a louça, secando os pratos, tomando coca, respirando fundo, amando o mundo. Saindo do escuro. Lembro-me bem, metade do ano, e eu nem sabia quem tu era. Eu sabia, mas apenas fingia não saber para te conhecer, como se tu fosse um livro fechado a novos leitores. Como o Livro Monstruoso dos Monstros, eu tive que te conquistar para poder ler, e perceber, nas entrelinhas, que palavras faltariam para te descrever.

Você Lua, eu Vênus.

Tão distante um do outro, nos encontrando entre os trancos e barrancos, nas tardes musicadas, personificadas em tua voz. Cantar nossa música, e temos tantas, bom, é um prazer pra mim poder dizer que cantei Bom Dia, e recitei Caetano Veloso ao dizer que te amo. Teu olhar, longe, tua voz na minha cabeça. Meu olhar, distante, e o horizonte aumentando a distância. O que se faz para caminhar tão longe? No ano novo ir quilômetros até teu encontro, para te desejar tudo de bom, e ver a chuva cair. Comer umas uvas, e tocar as canções que só cantamos juntos. Pegar tua mão como se fosse uma flor. De vagar, com cuidado, e com carinho.

Romeu e Julieta vivem em nós.

É como sol de verão queimando no peito, quando vejo teu sorriso embarcar nos meus braços, e acho lindo ficar cinco minutos com você entre eles, só para dizer "Oi". De manhã, de tarde, de noite, a qualquer hora, afinal, nunca fui de pedir permissão para ir até você, apenas ia, e te amava. Dia à noite. E deitar ao teu lado, cedo da manhã, para te acordar com o mesmo carinho com que te preparo aquele café, do jeito que tu mais gosta, com muitos sorrisos.

Doce Julieta, quando leres isso, não espero nada mais que um beijo, do nosso jeito. Desajeitado, cheio de risadas, com abraços apertados, e com sentimento de "nossa, dois anos meu caro". Ou te levar ao cinema para olhar concursos de dança, que eu finjo entender de dança, só para ficar ao teu lado o tempo todo, mas aprendi bastante. Hoje sei dançar "um pra lá, dois pra cá".

É tão belo quanto o luar em dia de chuva o nosso amor. E tão perfeito quanto nós observando um pôr-do-sol. E a nossa solidão se completa como um quebra cabeça, e dorme agarrado para que nunca nos separemos. E eu sinto um novo desejo em meu coração. Um novo desejo, que é sempre o mesmo: você.
Uns querem um final feliz...eu só quero a parte do feliz. A parte do final eu dispenso. Juntos, com um mundo nas mãos um do outro.

Somos um só. Somos as noites frias de inverno, que congelam a alma de quem vaga pelas ruas, e somos as tardes de verão que derretem nossos corações, quando estamos juntos. Somos um sábado de churrasco, e um domingo de pizza. Somos a falta de nexo. E como já dizia Clarice Falcão: "De todos os loucos do mundo eu quis você, por que a sua loucura parece um pouco com a minha", posso dizer que assinei todos os termos e riscos junto ao destino, quando te pedi para viver comigo, em minha breve existência por aqui, e bom, valeu cada tempo te esperando, sem saber que seria você. Acho que nascemos pra isso...encontrar felicidade, no sorriso um do outro. Nós.

Com todo o amor que esse mundo hostil pode abrigar, Romeu.

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